A adaptabilidade dos programas de auditório

Foto: “Chacrinha – O Musical“, por BernardoGS (CC BY 2.0)

Não há nada mais clássico na televisão do que os famosos programas de auditório. O anonimato é, muitas vezes, visto pela produção deste formato de programa televisivo como uma grande vantagem na aproximação entre o telespectador e as pessoas que estão participando das gravações, sejam estas pessoas parte da plateia ou contatos da produção antes ou durante as gravações. Com pautas populares e apresentadores carismáticos, os programas conquistam sua audiência e sobrevivem às inovações e modernizações exigidas pelas novas gerações.

Esse formato de programa teve sua era dourada principalmente nos anos 50, entretendo a audiência com musicais, calouros e brincadeiras. A Revista Veja listou os ícones dos programas de auditório em sua matéria https://vejasp.abril.com.br/blog/memoria/oito-apresentadores-lendarios-de-programas-de-auditorio/, destacando os pioneiros, entre eles o saudoso Chacrinha, que comandou a Discoteca do Chacrinha, a Buzina do Chacrinha e a Hora do Chacrinha. Interpretado pelo irreverente Abelardo Barbosa, sua estreia foi em 1957 na TV Tupi e se manteve no ar por trinta ininterruptos anos. Chacrinha é até hoje uma inspiração viva aos apresentadores e criadores de programas de televisão, dando continuidade à uma história que foi abreviada em 1988, com seu falecimento.

Outra personalidade deste nicho foi Hebe Camargo, que começou a conduzir programas de auditório em 1966 e assim permaneceu até 2010. Com perfil mais conversador, ela trazia ao seu sofá personalidades como Dercy Gonçalves, grande atriz brasileira, e até mesmo atrações internacionais, como a diva do pop norte-americana Mariah Carrey.

É impossível falar em programas de auditório sem mencionar Silvio Santos, dono da emissora SBT, que mantém em sua grade a apresentação neste formato há décadas. De grande audiência nos anos 90, Em Nome do Amor reunia jovens que não se conheciam para encontrar sua alma gêmea, em um prelúdio do aplicativo de namoros Tinder. Ao final, a garota respondia a famosa pergunta: “é namoro ou amizade?”. Em Topa Tudo por Dinheiro, o apresentador criava situações e brincadeiras inusitadas entre os participantes da plateia e oferecia notas de dinheiro em troca, além de jogar aviõezinhos de papel e levá-los à loucura.

Percebendo que a interação fazia sucesso na audiência, Silvio Santos importou formatos de programas de auditório em forma de jogo. Um deles é o Topa ou Não Topa, que foi ao ar entre 2006 e 2011, comandado pelo apresentador ao lado do empresário Roberto Justus. Neste jogo, 26 maletas numeradas representam valores entre R$ 1 e R$ 1 milhão, que só são revelados em sua abertura. O participante deve escolher uma maleta para ficar fechada até o final do jogo, enquanto vai escolhendo outras para abrir e revelar o prêmio dentro delas, que vai se acumulando. Quanto mais baixos os valores revelados, maiores as chances de que a maleta escolhida contenha o prêmio máximo. Ao final, o “banco” faz uma proposta para comprar a mala isolada, momento no qual o participante responde a pergunta de ouro: “topa ou não topa”? Caso tope, o valor oferecido pela maleta isolada é todo seu, mas se preferir arriscar, fica com o valor dentro da maleta isolada.
O jogo fez muito sucesso durante os anos em que foi exibido pelo SBT e, para a alegria de muitos, voltará ao ar em breve. É possível se inscrever por meio do link https://www.sbt.com.br/auditorio/topa-ou-nao-topa#fique-por-dentro. Enquanto aguardamos os primeiros episódios, é possível jogar jogos derivados do Topa ou Não Topa no https://www.betfair.com/br, onde o formato é encontrado com o nome em inglês “Deal or No Deal”.

No ar atualmente com o Programa Silvio Santos, o dono da emissora continua a comandar os quadros de jogos entre personalidades convidadas, como Dudu Camargo e Maisa. Sem papas na língua, o apresentador é frequentemente comentado pelas polêmicas que causa, o que acaba atraindo a atenção de uma plateia fiel e participativa que, mesmo depois de décadas, segue endossando que os programas de auditório são um exemplo clássico da adaptabilidade no entretenimento televisivo.

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