Em tempos bicudos, Assembleia gasta dinheiro do povo para fazer sessão improdutiva a beira mar, no extremo sul baiano. A maioria do público presente era servidor da prefeitura, convocado para aplaudir ou vaiar conforme o ‘chefe da torcida’ mandava.
Mais parecia uma peça de teatro amador (com todo respeito a classe artística) encenada precariamente no Centro de Cultura de Porto Seguro do que uma sessão plenária da Assembleia Legislativa da Bahia, como ocorreu nesta quinta-feira, 22, a partir das 14:30 horas.
Nenhum projeto de interesse local ou regional foi discutido ali, nenhum compromisso foi firmado, nada produtivo aconteceu. A peça só agradou mesmo aos protagonistas. Muitas autoridades compareceram por força do cargo. E perderam tempo.
E ainda teve um deputado encenando o papel de ‘convertido’ segurando uma réplica de botijão de gás de cozinha para chamar a atenção. Ridículo, mas mesmo assim eleito pelo povo “sem gastar um centavo”, como ele mesmo diz.
Governistas e oposição jogaram para a torcida. Os discursos não pareciam uma oratória parlamentar, mas encenações de palanque.
Emotivos, pobres de conteúdo e demagógicos.
A platéia tinha cara de torcida organizada. Faltou o povão, os sindicatos, a sociedade civil, os caciques pataxós, a APLB para cobrar
o júri popular do caso dos professores.
De relevante mesmo pouca coisa:
1 – A fala do deputado Carlos Gaban (DEM) sobre o fato de Porto Seguro ter ficado de fora da distribuição da verba do PAC das cidades
históricas.
2 – A fala do deputado capitão Tadeu (PSB) que anunciou ter conseguido coletar pelo menos 35 assinaturas de colegas a favor da elaboração de uma PEC com objetivo de dar autonomia ao Corpo de Bombeiros no Estado.
(Bahia40graus entrevistou o presidente da Associação dos Bombeiros. Veja entrevista neste sábado)
3 – As sonoras vaias que o deputado Ronaldo Carletto levou vindas do grupo “Reúne Ilhéus”, que viajou 700 km (ida e volta) para denunciar os abusos no transporte público da empresa de ônibus ligada ao deputado.
(O grupo “Reúne Ilhéus” também deu entrevista ao Bahia40graus. Leia nesta sexta-feira).
4 – O lançamento da pré-candidatura a deputado estadual do empresário e vice-prefeito de Porto Seguro Beto Axé moi pelo deputado Mário Negromonte Júnior (PP), embora o PCdoB local ande espalhando que Beto sairá pela legenda comunista.
5 – A ostensiva pré-campanha à reeleição do deputado Temóteo Brito, com faixas de rua, cartazes na platéia e aplausos encomendados.
A acústica do Centro de Cultura, que é do Estado, é péssima, as acomodações desconfortáveis, mas ainda é o maior espaço público que o centro da cidade tem (O auditório da Câmara é bem menor).
HOMENAGEM CARA
Houve homenagem a ex-deputada e hoje prefeita de Porto Seguro, Cláudia Oliveira, que bem poderia ter ido a Salvador receber a honraria.
Sairia bem mais em conta para o erário (tanto faz se o cofre fica na União, no Estado ou no município) do que o alto custo com passagens, hospedagem, ajuda de custo, translado e alimentação (extras) de dezenas de deputados, assessores, seguranças e ‘aspones’ para uma sessão itinerante que se mostrou desnecessária.
Por Geraldinho Alves do Bahia 40 Graus
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