Titular da coluna ‘Informe do Dia’, no jornal carioca O Dia, Fernando Molica falou nessa segunda-feira, 24, sobre o trabalho de busca de notícias relevantes. Em palestra realizada na Casa do Saber, no Rio de Janeiro, ele ressaltou a quantidade de conteúdo disponível para investigações. “O Brasil é o melhor país do mundo para ser jornalista. Temos liberdade de imprensa considerável e, ao mesmo tempo, muita coisa acontecendo, gente roubando, bastante material para trabalhar”.
Para o jornalista, a Lei de Acesso à Informação ajudou o trabalho dos profissionais que “vão fundo”. “Está disponível na web, tem que ir lá, traduzir todos aqueles números para a população e dizer ‘eu sou útil, não me largue’”, disse, em referência ao momento de crise no meio impresso. “Você tem que fazer barulho”.
Vencedor de vários prêmios jornalísticos e com experiência em veículos impressos e na TV, Molica avaliou a situação atual dos jornais. “A gente vive um paradoxo. A publicidade está migrando para outros meios, as publicações passam por dificuldades financeiras e promovem demissões em massa. É uma maluquice. Se você quer convencer o leitor a não te abandonar, você vai oferecer um produto pior?”, questionou.
Segundo ele, a lógica que serve de base para a coluna que escreve – que é dar a informação na frente – tem tudo a ver com a internet. “Se eu tenho uma informação relevante, coloco no site logo. Para quê vou segurar? É até uma discussão ética. Tenho o direito de segurar uma notícia?”. Com relação a isso, Molica também afirmou que usa muito as redes sociais para divulgar as informações.
“Preciso fazer barulho para que as pessoas me respeitem e me procurem. Ofereço uma tiragem menor. A coluna não está numa zona de conforto, pelo menos não me coloco nela. Não me dou ao luxo de fazer algo que não gere repercussão”, afirmou. O trabalho de apuração para as notas é dividido com os jornalistas Carlos Brito e Luísa Bustamante. “A informação tem que ser inédita, exclusiva, relevante e exata. São esses princípios que você tem que seguir sempre”, orientou Molica.
Questionado sobre a cobertura dos protestos que tomaram cidades brasileiras, Molica apontou duas consequências práticas no trabalho da imprensa. “Essas manifestações provam que o jornalista precisa deixar de ser pautado pelo governo e ir às ruas. Outro ponto é que o povo não compra mais informação, nem jornal, nem livro, nem CD, nem DVD. É tudo na web”, ponderou.
Fonte: Comunique-se
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