A lei russa contra a apologia à homossexualidade continua lançando uma sombra sobre o Mundial de Atletismo, ameaçando marcar para sempre um evento carente de grandes torcidas ou de atuações expressivas.
A lei, popular dentro do país, mas não no restante do mundo, deve permanecer como motivo de protestos num período em que a Rússia se prepara para receber a Olimpíada de Inverno de 2014, em Sochi, e a Copa do Mundo de futebol, em 2018. O Comitê Olímpico Internacional (COI) pediu ao governo russo que apresente uma tradução clara e explicações sobre como a lei será aplicada durante o evento em Sochi.
E, na sexta-feira, a saltadora Yelena Isinbayeva recorreu à cartada do “mal-entendido” para se defender da polêmica causada por uma declaração favorável à lei, feita por ela na véspera.
“O inglês não é minha primeira língua, e acho que posso ter sido mal-entendida quando falei ontem”, disse a russa, que provocou nesta semana um raro momento de entusiasmo no torneio ao conquistar o título mundial do salto com vara.
“O que eu quis dizer é que as pessoas deveriam respeitar as leis de outros países, particularmente quando são convidados. Mas quero deixar claro que respeito as opiniões dos meus colegas atletas, e quero declarar nos termos mais fortes que sou contra qualquer discriminação contra os gays em decorrência da sua sexualidade (o que vai contra a Carta Olímpica).”
A experiente atleta, que habitualmente dá entrevistas em inglês, disse na quinta-feira que talvez sejam “diferentes dos europeus e de pessoas de terras diferentes, temos nossa lei, que todo mundo tem de respeitar”. “Nós nos consideramos pessoas comuns e correntes”, prosseguiu ela na quinta-feira.
“Vivemos os meninos com as mulheres, as meninas com os meninos…, isso vem da história.”
A declaração gerou clamores para que ela renuncie ao seu cargo de embaixadora da juventude olímpica.
O corredor norte-americano Nick Symmonds se disse chocado com as declarações da colega, e comentou que poderia ser preso só por usar uma peça de roupa com as cores do arco-íris, um símbolo do movimento GLBT. “Fico perplexo de que uma mulher jovem, tão bem educada, possa estar tão atrasada”, disse Symmonds a uma rádio britânica.
“Quer saber, Yelena, uma grande parcela da sua cidadania é composta por homossexuais comuns e correntes.”
Por: Reuters
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