O projeto foi criado pela SOLOS, startup de impacto que desenvolve soluções para uma gestão positiva de resíduos
Neste 21 de setembro, em que se comemora o Dia da Árvore, os estudantes da Escola Municipal Fernando Presídio, localizada no bairro de Paripe, terão um momento especial – a inauguração do primeiro espaço de ecologia voltado para compostagem e reciclagem em uma escola pública em Salvador. O local será composto por uma composteira, além de mudas e plantas. Todo o mobiliário utilizado foi feito junto com as crianças e a partir de materiais reutilizados.
A ação faz parte do projeto Sementinha, idealizado e realizado em parceria com a startup baiana SOLOS. Além do plantio de mudas, durante todo o dia, os alunos vão participar de atividades de educação ambiental na “Sala Verde”, da própria escola.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, mais de 50% dos resíduos gerados pelos brasileiros são orgânicos, o que corresponde na Bahia a cerca de 2,7 milhões de toneladas de restos de alimentos desperdiçados por ano. Todo esse resíduo produz gás metano, que é 23 vezes mais poluente que o CO2, produz chorume que contamina o lençol freático, gera mau odor e atrai animais vetores de doenças.
Esses dados alarmantes instigaram Gabriela Tiemy e Saville Alves a fundarem a SOLOS, startup baiana que desenvolve soluções para otimizar a gestão de resíduos de grandes geradores, através do tratamento in loco da fração orgânica e do aumento da reciclagem dos secos.
“Como um negócio de impacto, nosso propósito é acabar com o conceito de lixo e as consequências socioambientais atreladas a ele”, conta Saville Alves. “Por isso, acreditamos que para mudar as práticas em larga escala é preciso investir na formação de multiplicadores”, complementa.
Foi assim, que a empresa desenvolveu o Projeto Sementinha, que realiza atividades lúdicas e transformadoras e promove com os alunos da Escola Municipal Fernando Presídio a interação entre conhecimento e prática na abordagem da Sustentabilidade.
O projeto foi iniciado com a implementação de uma composteira para tratamento dos resíduos orgânicos gerados a partir das sobras da merenda da escola que atende 250 alunos do Ensino Fundamental I. O adubo produzido é utilizado para nutrir a horta desenvolvida na própria escola, que gera alimentos sem uso de agrotóxicos para consumo interno e aproximação das crianças com a alimentação saudável.
ENGAJAMENTO E MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE
Para a implementação da solução, a turma do 5º ano foi escolhida como responsável pela gestão do projeto e, juntamente com seus professores e funcionários da cozinha e limpeza, participaram de momentos de conscientização e discussão sobre os impactos dos resíduos orgânicos no meio ambiente, relacionando compostagem aos conhecimentos de ciências.
O processo iniciado com a formação e envolvimento dos alunos conseguiu ultrapassar as portas da escola, trazendo também os pais para mais próximo à comunidade escolar. A montagem e funcionamento da composteira só foi possível, por conta da mobilização da comunidade que arrecadou os materiais como caixotes e folhas secas do bairro, e da direção da escola que conseguiu articulação com a Secretaria Municipal de Cidades Sustentáveis e Inovadoras, que apoiou com as ferramentas e paletes, que formam a estrutura da composteira.
A composteira evita que, mensalmente, em média, 40kg de comida se degradem como lixo. “Concluindo esta etapa, as composteiras já estarão prontas para receber os resíduos das casas dos alunos, ampliando os impactos positivos. A Escola Fernando Presídio atende crianças da região e que sofrem diretamente em suas casas os impactos da gestão ineficiente de resíduos que hoje temos em Salvador. Nossa topografia e ocupação desordenada dificultam o acesso dos caminhões de lixo, e atrelado à falta de acessos básicos, como saneamento e pavimentação, geram um ambiente de acumulação de resíduos, o que atrai vetores de doenças. Um projeto como este melhora a qualidade de vida e dá acesso a conhecimento e desenvolvimento de habilidades”, afirma Gabriela Tiemy.
SOBRE A SOLOS
A SOLOS é uma startup que integra o movimento do empreendedorismo de impacto, em que as soluções do seu negócio geram benefícios para seus clientes e para questões socioambientais. Através de tecnologia, a empresa trata in loco até 100% dos resíduos orgânicos e amplia a segregação e reciclagem dos secos. Assim os seus clientes conseguem participar ativamente da construção de cidades mais sustentáveis e resilientes.
TRAJETÓRIA EMPREENDEDORA
A SOLOS foi fundada oficialmente no início deste ano, mas o trabalho da startup começou no final de 2016, quando Saville Alves, 26 anos, e Gabriela Tiemy, 29, desenvolveram um projeto e o submeteram para um edital de pré-aceleração de negócios de impacto (Triggers). Das 500 iniciativas inscritas, a SOLOS foi a única do Norte/Nordeste selecionada para participar do programa durante 7 meses, em São Paulo, onde contaram a mentoria de executivos de empresas inovadoras como Google, Spotify e Visa. A volta para a Bahia teve como intuito compartilhar os aprendizados e fortalecer o ecossistema de negócios de impacto na região.
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