Médicos e dentistas estão envolvidos em uma disputa sobre cirurgias estéticas em consultórios dentários, e sobre o que é permitido e o que é crime por exercício ilegal da medicina. Um escritório de Direito do Paraná reuniu nomes de 250 dentistas em um dossiê que mostra o tamanho do problema no Brasil.
Tratamentos como “rinomodelação definitiva”, “new nose”, “nose job level five” não existem na literatura médica, e nem são ensinados em faculdades de medicina nem de odontologia. Entretanto, eles têm atraído muitos na internet.
Conforme a nutricionista Ludmila Delfino, ela queria afinar um pouco o nariz, mas não queria encarar uma cirurgia plástica. Dessa forma, ela ficou interessada pelo anúncio de um dentista que viu em uma rede social. O problema foi: um procedimento que deveria ocorrer rapidamente durou mais de três horas.
“Com sete dias, não passava cotonete no buraco das minhas narinas. Só que quando começou a desinchar o nariz, foi o momento em que ele começou a fechar na inspiração. O meu nariz não era mais útil para respirar”, revela a nutricionista.
Depois de quase um ano, Ludmila está sendo tratada por uma junta formada por um otorrinolaringologista, um dermatologista e um cirurgião plástico, fora o acompanhamento psicológico.
Mas por que um dentista tem oferecido esse tipo de serviço?
Em 2016, o Conselho Federal de Odontologia publicou uma resolução que permitiu aos dentistas a aplicação de toxina botulínica, o popular botox, e de outros preenchedores faciais em procedimentos estéticos. Também delimitou uma área anatômica, do osso hioide, na base da garganta, até o ponto násio, que são os ossos do nariz.
Três anos depois, uma nova resolução do Conselho Federal de Odontologia reconheceu a harmonização orofacial como especialidade odontológica. Para isso, era requisito a realização de um curso com carga horária de 500 horas. O Conselho Federal de Medicina não concordou com a resolução e abriu um processo pedindo a suspensão dessa resolução. Entretanto, a liminar foi indeferida.
De acordo com o advogado David Stacciarini, especializado em causas médicas, a partir daí o número de procedimentos estéticos oferecidos por odontologistas só aumentou.
“Esses dentistas realizavam procedimentos cirúrgicos sob o respaldo, acreditando que a resolução de 2016, que fala sobre a área anatômica e a resolução de 2019 que fala sobre harmonização orofacial, e eles entendiam que dava legitimidade para eles fazerem procedimentos cirúrgicos no rosto como um todo. Só que nós sabemos que essas duas resoluções tratam especificamente sobre toxina botulínica e preenchedores faciais. Então, elas não falam que o dentista pode realizar procedimento cirúrgico”.
Fonte: Da Redação Namidia News com informações de G1
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