Nadador deixa para trás americano e francês e celebra o título emocionado. Outro brasileiro na prova, Nicholas Santos acaba apenas em quarto lugar.
Medo, dúvida e dor formaram o cotidiano de Cesar Cielo no último ano. Entre os seus piores pesadelos, estava o receio de ter de abandonar o que nasceu para fazer depois da cirurgia nos dois joelhos. Nesta segunda-feira, do alto do pódio dos 50m borboleta do Mundial de Barcelona, o brasileiro acordou do sonho ruim. O Hino Nacional voltou a tocar. Ele voltou a chorar. E o título mais uma vez estava em suas mãos. Tudo novo de novo.
A prova não foi tão perfeita como gostaria, mas foi o suficiente para garantir o bicampeonato mundial. Em disputa equilibrada, Cielo marcou 23s01, tempo maior do que o conseguido nas semifinais, mas à frente do americano Eugene Godsoe, com 23s05. O francês Frederick Bousquet completou o pódio, com a marca de 23s11. Outro brasileiro na prova, Nicholas Santos, que foi para a final com o melhor tempo (22s81), ficou em quarto lugar, fora do pódio, com 23s21.
– Sinceramente, se o mundo acabasse hoje, eu estarei feliz. Se eu não nadasse mais, estaria feliz. Agora, vou me divertir. Quando era menino, não imaginava que fosse chegar aqui. Devo tudo à minha família, aos meus amigos. A gente imagina, coloca as coisas na cabeça. Antes da prova, brinquei, pensando em como celebrar, se ganhasse. Mas pensei, e se ficasse em quinto, sexto? A gente fica nervoso, ansioso, imagina o pior, o melhor, é um humano normal. É a minha décima medalha de mundial, a quinta vez que sou campeão mundial de longa – disse Cielo, emocionado.
Nicholas Santos, favorito para prova depois do melhor tempo nas semifinais, largou melhor, na frente. Entre ele e Cielo, em segundo, também estavam o francês Bousquet e o americano Eugene Godsoe. Na reta final da prova, Cielo disparou para o ouro e o bicampeonato. Deixou para trás os três rivais, e ainda viu, na raia ao lado, Nicholas diminuir o ritmo e ser atropelado pelos rivais, ficando fora do pódio.
– Foi uma final muito tensa. Todo mundo estava muito tenso no balizamento. Foi um balizamento muito silencioso, com todo mundo meio que se olhando torto. Estava uma coisa meio diferente do que a gente está acostumado. Estava todo mundo bem nervoso. Eu também estava muito ansioso. Tanto que os tempos foram piores do que os de ontem. Mas final é final. Bater na frente é o que vale – finalizou Cielo, que agora chega mais leve para as eliminatórias dos 50m livre, sua prova forte e em busca do tricampeonato mundial, em disputa direta com o francês Florent Manaudou, que o bateu em Londres 2012.
Ao bater a mão na borda da piscina, já praticamente com a certeza do ouro, Cielo agradeceu aos céus. O caminho para o bicampeonato mundial nos 50m borboleta não foi fácil. Foram duas cirurgias, uma em cada joelho, algumas críticas, e várias dúvidas sobre o seu desempenho nas próximas competições.
– Os últimos dez metros da minha prova fizeram toda a diferença. Apostei em não respirar. Essa foi a primeira vez que não respirei no borboleta, porque não queria perder tempo na respiração. E, graças a Deus, deu certo – comemorou Cielo, que foi campeão mundial da prova em 2011, com o tempo de 23s10.
Nicholas Oliveira fora da final nos 200m livre em Barcelona
Outro brasileiro que caiu na água nesta segunda-feira foi Nicholas Oliveira, nos 200m livre. Ele buscava uma vaga na final da prova, e participou da primeira bateria. Seu tempo, porém, não foi suficiente para colocá-lo na decisão. Nicholas anotou 1m47s42, e ficou em sexto lugar em sua bateria. Ele, porém, não se disse decepcionado.
– Primeiro, acho que não estou decepcionado. A gente dá tudo o que tem. E foi o que fiz na prova. Fico chateado com o tempo que fiz, mas vontade e determinação não faltaram. É bola para frente, continuar treinando e seguir em frente.
Resultado:
50m borboleta masculino
1º – Cesar Cielo (BRA) – 23s01
2º – Eugene Godsoe (EUA) – 23s05
3º – Frederick Bousquet (FRA) – 23s11
G1
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