Guilherme Leicam fala sobre romance com Agno (Malvino Salvador) na trama que chega ao capítulo 100 nesta quarta-feira (12).
Em meio à polêmica provocada pela censura da HQ com uma cena de beijo gay, na Bienal do Livro do Rio, a novela A Dona do Pedaço promete colocar lenha na fogueira do debate. Isso porque tem um novo casal se formando na trama de Walcyr Carrasco, que chega ao capítulo 100 nesta quarta-feira (12): Agno (Malvino Salvador) e Leandro (Guilherme Leicam). “Está todo mundo me perguntando: vai ter beijo?”, revela Guilherme, 29 anos, durante evento para jornalistas, no Rio de Janeiro.
O ator, que interpreta um matador de aluguel, diz que também não sabe a resposta, mas revela que o próprio Walcyr perguntou se ele teria problema em beijar outro homem. “Eu disse que de forma alguma, porque nosso trabalho como ator é dar vida ao personagem. Eu ia adorar se tivesse”, disse Guilherme ao autor. Para quem não lembra, foi Walcyr quem colocou no ar o primeiro beijo gay da televisão brasileira, na novela Amor à Vida (2013), com Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso).
O próprio Mateus Solano relembrou a cena em suas redes sociais, no último sábado, em meio à polêmica da Bienal. “Este beijo foi pedido pelo brasileiro; aceito e aplaudido pelo brasileiro. Foi um momento mágico onde o amor e a humanidade venceram”, escreveu o artista, na legenda da foto. “Na época, nós achávamos que o Brasil tava mudando. Hoje acho que foi um ato de resistência. Um privilégio participar daquela história com você, amigo”, respondeu Fragoso, na publicação do colega.
Encontro
Em A Dona do Pedaço, que também conta com uma atriz transexual, Glamour Garcia, a relação de Agno e Leandro começou a caminhar quando o primeiro se assumiu gay para a filha, na última sexta-feira – um dia depois do episódio real da Bienal. A reação homofóbica da garota deu o que falar nas redes sociais e os internautas não a perdoaram por não aceitar o pai , que acabou acolhido por Leandro.
No capítulo que vai ao ar hoje, o empresário vai convidar Leandro para sair, e na cena de amanhã Rock (Caio Castro), paixão platônica de Agno, vai perceber o clima entre os dois. Muita água vai rolar até o dia 19, quando Leandro, que também trabalha como faxineiro na academia, se instala no apartamento de Agno.
Mas como era de se esperar, a novela que vem batendo recordes de audiência com uma trama cheia de intrigas, traição e vilania, guarda surpresas. Segundo o site Notícias da TV, Agno vai descobrir que o rapaz é matador de aluguel e vai colocá-lo para fora de casa.
“Acho interessante, porque Leandro não é um clichê. Nunca vi, na televisão, um cara que é matador e se descobre homoafetivo com essa intensidade”, reflete Guilherme, que ficou “muito feliz em ver ele se descobrindo, e não se reprimindo”.
Na expectativa de que seu personagem seja acolhido pela família – o que inclui o primo Chiclete (Sérgio Guizé) – Guilherme defende que Leandro “merece essa chance”. “Agora ele está encontrando o lugar dele de verdade. Pode ser que não queira mais fazer encomenda depois disso, né. Seria tão bacana, porque o amor salva tudo”, torce o ator.
Mudança radical
A aproximação do novo casal só está acontecendo agora, mas desde a estreia da novela Walcyr já sabia o que queria. Na verdade, só na estreia mesmo, porque antes disso o personagem era completamente diferente. Ao receber o papel, descrito como um matador rústico que morava em uma cidade do interior, Guilherme engordou 8kg, deixou a barba crescer e ficou grisalho. “Eu falei: desapega da vaidade e só vai”, lembra.
Mas na festa de lançamento de A Dona do Pedaço, Walcyr encontrou com ele e disse, tranquilo: “Ó, mudei seu personagem”. “E eu preciso mudar?”, questionou Guilherme, surpreso. “Completamente. Agora você precisa emagrecer e tentar ficar mais novo”, respondeu Walcyr. O prazo? “Dois meses”, ri Guilherme, ao relembrar a correria que foi para entrar em cena como o autor queria.
Desapegado da vaidade, o ator ficou mesmo preocupado com a “inteligência emocional do personagem”, que não sabia que seria gay. Para dar veracidade a Leandro, conversou com amigos homossexuais e estudou ainda mais o assunto, “porque na hora de dar o discurso, você tem que vestir a camisa”, justifica. O matador, explica ele, não se apaixonou pelo físico de Agno, nem pelo dinheiro, “ele quer algo com sentimento”.
“Recebo recados na rede social de pessoas dizendo que se identificam muito com o personagem. Casos de meninos falando ‘meus pais não sabem que sou gay’, e outros dizendo ‘vai ser importante, porque você não é um gay estereotipado, é um cara reservado, então vai lá e nos representa’. Tô muito feliz de estar representando o pessoal”, comemora Guilherme.
Ao destacar a dualidade de Leandro, que tem cara de príncipe, mas é capaz de matar, Guilherme lembra que ele reflete a vida real. “Ninguém é perfeito e todo mundo tem lado bom e ruim”, diz. Na verdade, continua, “a vida é triste, né?”. “A gente faz de tudo para que tenha momentos felizes e nossa teledramaturgia está aí para tentar fazer a gente se divertir”, conclui.
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