‘Ajoelhamos e pedimos que a polícia não atirasse’, diz manifestante

Confronto aconteceu na Região da Pampulha, em Belo Horizonte.
PM disse que revidou porque ativistas não respeitaram ordem para esperar.

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“Nós ajoelhamos, levantamos as mãos e pedimos que a polícia [Militar] não atirasse, mas eles atiraram”. Este foi o desabafo do estudante do curso de rede de computadores L.C.A., de 15 anos, que foi atingido três vezes por balas de borracha no confronto entre policiais militares e manifestantes, na noite desta segunda-feira (17), na Avenida Antônio Carlos, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte. Os disparos acertaram a clavícula, o tórax e o cotovelo do jovem.

O estudante contou que o clima ficou tenso quando eles chegaram próximo à mata da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde havia uma barreira da PM. Segundo L., um pequeno grupo de manifestantes tentou transpor o cordão de isolamento e a polícia reagiu.

“Aí vieram bombas de gás lacrimogêneo, algumas pessoas caíram no chão. Pessoas ficaram desesperadas e teve empurra-empurra. Eu mesmo caí no chão”, relembrou. Depois dessa invasão, ele levou o primeiro tiro de bala de borracha, que acertou a clavícula. Para se proteger da fumaça do gás lacrimogêneo, ele disse que tampou o nariz com a camisa que vestia.

Depois de controlada a situação, os manifestantes continuaram a caminhada até a Avenida Abrahão Caram onde, segundo o jovem, havia outro pelotão de polícia que impedia a passagem dos ativistas.

De acordo com o adolescente, o grupo retornou sentido Centro, mas também foi surpreendido pelos policiais que novamente atiraram com balas de borracha. Dessa vez, o jovem foi atingido no tórax e no cotovelo, quando corria da polícia.

Acuado, o grupo retornou, a pé, para a Praça Sete. Mesmo dizendo que a PM de Minas Gerais passa por bons treinamentos, L. avaliou que “houve excesso por parte da polícia”.

Já na Praça Sete, ferido, o rapaz disse que foi levado por duas pessoas ao Hospital João XXIII, onde teve os ferimentos limpados e protegidos por curativos. Ele contou que chegou ao pronto-socorro por volta das 23h30 e foi liberado à 0h40. L. falou que chegou em casa, na madrugada desta terça-feira (18), à 1h40.

Participar não estava previsto
L. disse que não tinha previsto participar do protesto. Ele saiu da aula, às 13h10, no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), no bairro Nova Suíça, Região Oeste da capital, com destinado a casa dele no Céu Azul, Região de Venda Nova. “Eu peguei o ônibus para ir pro Centro e, quando cheguei à Praça Sete, estava aquela multidão”.

Ele contou que os manifestantes eram subdivididos em grupos que protestavam contra a Copa das Confederações, contra a precariedade do transporte público e contra a falta de metrô na cidade, por exemplo. L. comentou que sabia da movimentação, mas que não imaginava que participaria do ato. “Quando eu cheguei no Centro e que vi aquele tanto de gente resolvi seguir o pessoal que estava indo em direção à Pampulha. Já que era a mesma direção da minha casa”, justificou. No meio do trajeto, feito a pé, juntamente com os manifestantes, ele participou do ato e se envolveu na confusão.

Polícia Militar
Vamos continuar fazendo nosso papel. Estávamos lá para assegurar o direito da comunidade de se manifestar e o direito das pessoas. Mas, também queremos que os manifestantes respeitem as autoridades”, disse o tenente-coronel Alberto Luiz Alves, em entrevista na noite desta segunda-feira. O oficial realizou a coletiva para esclarecer a atuação da corporação, durante a manifestação ocorrida nesta segunda-feira, em Belo Horizonte.

“Usamos gás e balas de borracha após a exaustão do diálogo. A PM está reunindo imagens para corroborar o que estamos dizendo. Isto, a PM não poderá jamais permitir”, disse o oficial, referindo-se às cenas de desrespeito por parte dos manifestantes.

Segundo o assessor de Comunicação Organizacional, que acompanhou toda a movimentação dos manifestantes, acordos já haviam sido acertados com líderes para que os limites de acesso fossem respeitados, o que não ocorreu. “Por isso, precisamos fazer a contenção”, disse.

Para Alves, as cenas foram lamentáveis. “Pedimos bom senso, calma, temperança e paciência aos manifestantes. No entanto, eles partiram para cima dos militares, avançando agressivamente, além de depredar o patrimônio público”.

As pessoas envolvidas nos atos de violência foram identificadas e serão responderão de acordo com a lei, conforme informou o tenente-coronel.

Apesar de ser sido delimitado um perímetro para a manifestação, assim que os manifestantes chegaram ao local, o oficial disse que pediu calma. Os PMs iriam consultar os superiores para discutir a possibilidade de a marcha continuar. Neste momento, houve a agressão. Uma moça que disse ser professora, acompanhada de outros três manifestantes, assegurou que “iriam continuar a caminhada, mesmo que tivessem que passar sobre os policiais”.

A PM lamenta profundamente o ocorrido. Nosso papel é facilitar a manifestação. Infelizmente, os poucos infiltrados que queriam a violência, levaram a PM a reagir às agressões.
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A orientação do governo continua sendo a de que a PM facilite os deslocamentos e a manifestação das pessoas”
, assegurou o assessor.

Feridos
Segundo a Polícia Militar, três pessoas ficaram feridas durante o confronto e outras cinco foram detidas. O tenente-coronel lembra que as ‘armas’ da PM continuarão sendo o diálogo até a exaustão. “Deixamos claro, entretanto, que estamos preparados para proteger vidas. Temos equipamentos, tecnologia e treinamento para revidar e, também, para proteger”, enfatizou.

G1

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